Afinal quem decide que uma pintura, uma escultura, um copo d`água é arte? Quinquilharias, fragmentos de ferro e madeira como as que vimos adormecidas na feira, destituídas de sua funcionalidade, são matérias primas transformadas pelo artista plástico Ricardo Cristofaro em algo que em principio parece reconhecível e, no entanto já está em outro campo de significado, tornando-se assim objeto de arte. Nossa turma foi conferir a exposição deste artista e professor de escultura do Instituto de Artes e Design da UFJF, que aconteceu no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, e perceberam como ao longo de sua existência um objeto pode passar de utilitário para afetivo, até ir parar num museu, quando ganha valores históricos e estéticos. Afinal, se ficarmos convencidos de que uma roda de bicicleta, exposta numa galeria ou museu, é arte, ela passa a ser arte?
O artista Marcel Duchamp por meio de seus "ready-made" (apropriar-se de algo que já está feito): escolhe produtos industriais, realizados com finalidade prática e não artística (urinol de louça, pá, roda de bicicleta), e os eleva à categoria de obra de arte. No inicio das primeiras décadas do século XX, foi ele quem primeiro trouxe o conceito de arte tal como concebemos hoje quando a beleza, sensibilidade, expressão e mais o que se quiser mostram-se insuficientes para redescobrir tudo que a nossa cultura entende por arte.
Como diz o colunista da Folha Jorge Coli:- “não se trata de uma impostura, a palavra “arte“ adquiriu hoje poderes reais. É um abracadabra que funciona. Metamorfoseia a caixa de sabão Brillo, ou a roda de bicicleta. Elas passam a emitir sinais, significações, intuições que antes não tinham. No mundo dos objetos comuns eram mudos. Depois que viraram arte, falam uma linguagem, silente e intensa. A razão é que se sacralizaram pela nossa crença: como acreditamos neles, eles nos respondem”. Duchamp afirmaria que "será arte tudo o que eu disser que é arte" - ou seja, todo acervo artístico que nos foi legado pelo passado só é considerado arte porque alguém assim o disse e nós nos habituamos a admiti-lo. Donde se conclui que La Gioconda, de Da Vinci, ou O Enterro do Conde de Orgaz, de El Greco, não seriam mais arte do que um urinol ou uma pá de lixo: todos dependem de uma reconstituição atual de seu sentido (como funcionamento da obra), e somente nesse funcionamento, do qual faz parte o sujeito, é que a obra se justifica como arte. Isto é, além de nos indicar que a arte precede e prescinde a maestria formal, o ready-made nos faz ver que o objeto deixa de ser arte no momento em que deixa de propor, para si mesmo, novas interpretações – no momento em que deixa de fazer um novo sentido. Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Ready-made" Agora pense se isto também não acontece com o dinheiro?
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